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Como a Teoria do Instinto Explica a Motivação

A maneira como nos comportamos é algo com que nascemos ou é algo que se desenvolve devido às experiências que temos?

Como a Teoria do Instinto Explica a Motivação

O que é a teoria do instinto?

De acordo com a teoria da motivação do instinto, todos os organismos nascem com tendências biológicas inatas que os ajudam a sobreviver. Essa teoria sugere que os instintos conduzem todos os comportamentos. Então, o que exatamente é instinto?

Os instintos são padrões de comportamento inatos e direcionados a objetivos que não são o resultado de aprendizado ou experiência.

Por exemplo, os bebês têm um reflexo inato de enraizamento que os ajuda a procurar um mamilo e obter nutrição, enquanto os pássaros têm uma necessidade inata de migrar antes do inverno. Ambos os comportamentos ocorrem naturalmente e automaticamente. Eles não precisam ser aprendidos para serem exibidos.

O poder dos comportamentos instintivos

Nos animais, os instintos são tendências inerentes para se engajar espontaneamente em um determinado padrão de comportamento. Exemplos disso incluem um cachorro tremendo depois de se molhar, uma tartaruga marinha procurando o oceano após a eclosão ou um pássaro migrando antes do inverno.

O etólogo Konrad Lorenz demonstrou o poder dos instintos quando conseguiu que jovens gansos tivessem um imprinting nele. Ele notou que os gansos se apegavam à primeira coisa em movimento que encontravam após a eclosão, que na maioria dos casos eram suas mães. No entanto, ao garantir que ele foi a primeira coisa que os gansos encontraram, eles se apegaram ou imprimiram nele.

Nos humanos, muitos reflexos são exemplos de comportamentos instintivos. O reflexo de enraizamento, conforme mencionado anteriormente, é um desses exemplos, assim como o reflexo de sucção (um reflexo no qual os bebês começam a sugar quando um dedo ou mamilo pressiona o céu da boca).

O reflexo de Moro é uma reação de sobressalto observada em bebês com menos de 6 meses de idade, e o reflexo de Babkin é quando os bebês abrem a boca e flexionam os braços em resposta à fricção das palmas das mãos. Os bebês exibem essas reações instintivas quando confrontados por estímulos em seu ambiente. Por exemplo, roçar a bochecha de uma criança fará com que a criança vire a cabeça e procure um mamilo.

A teoria do instinto da motivação

O psicólogo William McDougall foi um dos primeiros a escrever sobre a teoria do instinto da motivação. Ele sugeriu que o comportamento instintivo era composto de três elementos essenciais: percepção, comportamento e emoção. Ele também descreveu 18 instintos diferentes que incluíam curiosidade, instinto maternal, riso, conforto, sexo e busca por comida.

O psiquiatra Sigmund Freud usou uma visão ampla da motivação e sugeriu que o comportamento humano era impulsionado por duas forças principais: os instintos de vida e morte. O psicólogo William James, por outro lado, identificou uma série de instintos que ele acreditava serem essenciais para a sobrevivência. Isso incluía coisas como medo, raiva, amor, vergonha e limpeza.

Observações sobre a teoria do instinto

A teoria do instinto sugere que a motivação é baseada principalmente na biologia. Nós nos envolvemos em certos comportamentos porque eles ajudam na sobrevivência. A migração antes do inverno garante a sobrevivência do rebanho, por isso o comportamento tornou-se instintivo. Os pássaros que migraram eram mais propensos a sobreviver e, portanto, mais propensos a passar seus genes para as gerações futuras.

Então, o que exatamente se qualifica como um instinto?

Em seu livro Explorando a Psicologia, o autor David G. Meyers sugere que, para ser identificado como um instinto, o comportamento "deve ter um padrão fixo em toda a espécie e ser desaprendido".

Em outras palavras, o comportamento deve ocorrer natural e automaticamente em todos os organismos dessa espécie. Por exemplo, os bebês têm um reflexo inato de enraizamento que os leva a torcer e sugar um mamilo. Esse comportamento não é aprendido e ocorre naturalmente em todos os bebês humanos.

Os médicos geralmente procuram a ausência de tais reflexos instintivos para detectar possíveis problemas de desenvolvimento.

Críticas à Teoria do Instinto

Embora a teoria do instinto pudesse ser usada para explicar alguns comportamentos, os críticos achavam que ela tinha algumas limitações significativas. Entre essas críticas:

  • Os instintos não podem ser prontamente observados ou testados cientificamente;
  • Os instintos não explicam todos os comportamentos;
  • Apenas rotular algo como instinto não explica por que certos comportamentos aparecem em certos casos, mas não em outros.

Embora existam críticas à teoria do instinto, isso não significa que os psicólogos tenham desistido de tentar entender como os instintos podem influenciar o comportamento.

Os psicólogos modernos entendem que, embora certas tendências possam ser biologicamente programadas, as experiências individuais também podem desempenhar um papel na forma como as respostas são exibidas.

Por exemplo, embora possamos estar biologicamente mais preparados para ter medo de um animal perigoso, como uma cobra ou um urso, nunca exibiremos esse medo se não formos expostos a esses animais.

Outras teorias sobre motivação

Além da teoria do instinto, existem outras teorias que foram propostas para ajudar a explicar a motivação. Esses incluem:

  • Teoria da excitação da motivação, que afirma que as pessoas se comportam de certas maneiras para aumentar ou diminuir sua excitação;
  • Teoria do impulso da motivação, na qual as pessoas são "levadas" a se comportar de determinadas maneiras para reduzir a tensão interna causada por necessidades não atendidas;
  • Teoria da expectativa, que afirma que nossa motivação aumentará com a conveniência percebida de uma recompensa esperada;
  • Teoria humanística da motivação, que afirma que os comportamentos são o resultado de um desejo de auto realização;
  • Teoria de incentivo da motivação, na qual fazemos escolhas para maximizar o prazer e minimizar a dor.

Na verdade, nenhuma dessas teorias, incluindo a teoria do instinto, pode explicar completamente a motivação. É provável que os componentes de todas essas teorias, assim como as teorias ainda não propostas, sejam integrados de forma a resultar na motivação para os comportamentos dos humanos.

João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

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