Psicologia Infantil

Compreendendo o transtorno de conduta

Conheça as causas, sintomas e como lidar com essa condição.

Compreendendo o Transtorno de Conduta

O que é o transtorno de conduta?

Transtorno de conduta é um conjunto de problemas comportamentais e emocionais que costuma aparecer na infância e adolescência.

Crianças e adolescentes com essa condição tem muita dificuldade em seguir regras e adotar um comportamento socialmente aceitável. Elas costumam ter um comportamento agressivo, destrutivo ou traiçoeiro que dificulta a convivência com adultos ou outras crianças. Como consequência, os indivíduos que convivem com alguém assim aplicam o rótulo de uma pessoa ruim ou delinquente, ao invés de considerar um problema de saúde mental.

Se você conhece uma criança com transtorno de conduta, provavelmente concordará que ela se mostra firme e confiante. A verdade, entretanto, é que crianças com essa condição costumam ser inseguras e acreditam que as pessoas ao redor estão sendo agressivas com elas.

Tipos de transtornos de conduta

Existem três tipos de transtorno de conduta, o critério para classificação de cada um deles é a idade em que os sintomas começaram a surgir:

  • Surgimento na infância – Os sintomas aparecem antes dos 10 anos de idade;
  • Surgimento na adolescência – Surgimento dos sintomas depois dos 10 e antes dos 20 anos;
  • Surgimento não especificado – Quando a idade do aparecimento dos sintomas é desconhecida.

Quais os sintomas do transtorno de conduta?

Crianças com esse transtorno são difíceis de controlar e não gostam de seguir regras. Seu comportamento impulsivo não leva em conta as consequências de suas ações e nem os sentimentos ou bem-estar de outras pessoas.

Alguns dos comportamentos mais comuns incluem:

  • Agressividade;
  • Intimidação;
  • Agredir fisicamente pessoas e animais;
  • Assédio sexual ou mesmo estupro;
  • Usar armas;
  • Comportamento traiçoeiro;
  • Mentir;
  • Invadir propriedade alheia;
  • Roubar;
  • Falsificar;
  • Comportamento destrutivo;
  • Quebrar propriedade alheia;
  • Atos de vandalismo;
  • Começar incêndios;
  • Descumprimento de regras;
  • Matar aulas;
  • Fugir de casa;
  • Uso de álcool ou drogas;
  • Comportamento sexualizado.

Os comportamentos agressivo e destrutivo são mais comuns em meninos com transtorno de conduta; já para as meninas, comportamentos traiçoeiros e descumprimento de regras são mais frequentes.

O transtorno de conduta também pode ser dividido em níveis de intensidade. São eles:

Leve

Se a criança tem sintomas leves, seu mau comportamento não excede muito o mínimo necessário para que o transtorno seja diagnosticado. Os problemas de conduta causam dano relativamente pequeno a terceiros. Problemas comuns envolvem mentir, matar aula e sair à noite sem permissão dos pais.

Moderado

Um caso moderado significa que a criança apresenta vários problemas de comportamento. O impacto sobre as outras pessoas é um tanto mais sério. Vandalismo e furto são alguns exemplos de comportamento nesse caso.

Severo

Nesse caso o dano sobre outras pessoas é extremamente grave. Estupro, uso de armas e invasão domiciliar são alguns exemplos.

O que causa transtornos de conduta?

Crê-se que os principais fatores sejam genéticos e ambientais.

Fatores genéticos

Danos ao lobo frontal do cérebro foram associados ao transtorno de conduta. Essa região é responsável por importantes capacidades cognitivas como resolução de problemas, memória e expressão de emoções. O lobo frontal também tem grande influência sobre a personalidade.

Em uma pessoa com transtorno de conduta, o lobo frontal pode não funcionar adequadamente, o que pode resultar em:

  • Dificuldade em controlar impulsos;
  • Dificuldade em planejar ações futuras;
  • Capacidade reduzida de aprender com experiências passadas.

A deficiência no lobo frontal pode ser causada por razões genéticas ou por uma lesão. A criança também pode herdar certos traços de personalidade que são comuns no transtorno de conduta.

Fatores ambientais

Alguns eventos pontuais ou situações que persistem na vida da criança podem provocar os comportamentos característicos do transtorno de conduta:

  • Abuso infantil;
  • Família disfuncional;
  • Pais viciados em drogas ou álcool.

Indicadores de risco para o transtorno de conduta

De maneira geral, as seguintes características estão associadas a um risco maior de surgimento do transtorno de conduta:

  • Ser do sexo masculino;
  • Morar em área urbana;
  • Condição econômica de baixa renda;
  • Histórico de transtorno de conduta na família;
  • Histórico de problema de saúde mental na família;
  • Ter outros transtornos psiquiátricos;
  • Ter pais que abusam de drogas ou álcool;
  • Conviver em um ambiente familiar disfuncional;
  • Sofrer ou presenciar um evento traumático;
  • Sofrer abuso ou negligência.

Como o transtorno de conduta é diagnosticado?

O principal critério para o diagnóstico dessa condição é o persistente descumprimento de regras e violação dos direitos alheios. O profissional responsável é um médico da saúde mental, como um psicólogo.

A avaliação contempla uma análise do comportamento da criança, que deve ser prejudicial a ponto de afetar o bem-estar e o convívio com as pessoas ao redor, seja na escola ou em casa.

Como o transtorno de conduta é tratado?

Em primeiro lugar, é preciso considerar que crianças com esse transtorno não entendem, até certo ponto, o quanto seu comportamento é incompatível com a convivência normal em sociedade. Por isso, a repreensão e castigo têm uma efetividade apenas limitada.

No lugar disso, a recomendação é uma mudança nos principais ambientes em que a criança convive. Removê-las do lugar que está causando problemas, seja um lar ou escola problemáticos, parece ser a ação mais efetiva. A criança deve então ser colocada em um ambiente mais ordenado e com regras firmes.

Outro elemento que, com apreciável grau de sucesso, é aplicado em casos assim é a psicoterapia. O profissional da saúde mental pode ajudar a criança a compreender as raízes de seu comportamento e ajudá-la a desenvolver meios de controlar suas ações e emoções.

O tratamento terapêutico também costuma envolver os pais, que são orientados pelo psicólogo ou psiquiatra sobre a melhor maneira de lidar com a criança.

Existe uma chance não desprezável de que outros transtornos estejam presentes. Nesses casos, esses transtornos também devem ser tratados. Se for o caso, o tratamento com medicamentos pode ser aplicado em situações assim.

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João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

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