Psicologia Infantil | Transtorno Bipolar

Transtorno bipolar infantil – Sintomas, diagnóstico, tratamento e mais

O transtorno bipolar é uma condição muito séria. Saiba o que fazer se você suspeita que seu filho tem a condição.

Transtorno Bipolar Infantil – Sintomas, Diagnóstico e Mais

O transtorno bipolar é quase sempre associado a pessoas adultas, porém, isso não corresponde à realidade. Um estudo aponta que até 65% dos adultos com transtorno bipolar começaram a apresentar sintomas antes dos 18 anos. Isso sugere que, apesar de ser associado com adultos, o transtorno bipolar pode afetar crianças de qualquer idade.

O transtorno bipolar com surgimento na infância costuma ser mais severo do que aquele que surge apenas na vida adulta. A intervenção na primeira infância pode ser a chave para colocar os sintomas sob controle.

Além disso, existem algumas diferenças nos sintomas apresentados por um adolescente bipolar. Por exemplo, nos episódios de mania, o adolescente fica mais irritável do que animado, enquanto os sintomas depressivos podem envolver reclamações sobre desconfortos físicos, em vez de tristeza.

Quando procurar ajuda

Crianças e adolescentes com transtorno bipolar apresentam mudanças de humor e comportamento extremas. Pode ser difícil saber quando os sintomas são sérios o suficiente para exigir intervenção profissional; portanto, considere os três fatores a seguir:

Funcionamento

Faça as perguntas a seguir sobre o funcionamento do seu filho:

  • Os problemas de comportamento da criança estão atrapalhando seu funcionamento diário?
  • Ele é capaz de brincar com outras crianças da idade dela?
  • Ele é capaz de frequentar a escola normalmente?
  • As demandas que ele causa sufocam as necessidades de outros membros da família?

Sentimentos

Faça as seguintes perguntas sobre os sentimentos da criança:

  • O seu filho acha que tem algo errado com ele?
  • Ele se sente sobrecarregado em lidar com as atividades normais para uma criança da idade dele?
  • Ele se preocupa com coisas que sequer passam pela cabeça de outras crianças?

Família

Existe histórico de doença mental na família da criança?

Pesquisas indicam que ter um progenitor ou um irmão com transtorno bipolar aumenta as chances de a criança ter a condição. Entretanto, o histórico da doença na família não significa que a criança necessariamente será bipolar.

Sintomas

Os especialistas discordam sobre os sintomas exatos que crianças e adolescentes com transtorno bipolar apresentam. Alguns dos relatos mais comuns incluem:

  • Ansiedade de separação;
  • Surtos de raiva que podem durar várias horas;
  • Mau humor;
  • Comportamento opositivo;
  • Mudanças de humor frequentes;
  • Distração;
  • Hiperatividade;
  • Se envolver em vários projetos ou atividades de uma vez;
  • Mais energia que o normal;
  • Menos necessidade de dormir;
  • Impulsividade;
  • Inquietação;
  • Pensamentos acelerados;
  • Comportamento agressivo;
  • Comportamentos arriscados;
  • Humor deprimido;
  • Letargia;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldade em levantar de manhã;
  • Terrores noturnos;
  • Fala acelerada;
  • Pensamentos de morte ou suicídio.

Muitos destes sintomas não são exclusivos do transtorno bipolar e podem ser causados por uma variedade de transtornos. Uma conversa com um psicoterapeuta ajudará a descartar outras causas.

Diagnóstico

Se você acha que seu filho tem transtorno bipolar – ou qualquer outra condição psicológica – converse com o médico dele. Agende uma consulta para discutir suas preocupações.

O médico pode encaminhá-la a um profissional da saúde mental para uma avaliação completa. Esse especialista conversará com você e com a criança para entender os sintomas e a situação como um todo.

Em muitos casos, condições como depressão e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) possuem sintomas semelhantes. Por isso, é importante oferecer o máximo de informação possível sobre o humor da criança, rotina de sono, nível de energia, histórico e comportamento. Isso ajudará a descartar outras possíveis causas.

Tratamento

O transtorno bipolar é uma condição que deve ser monitorada ao longo da vida da pessoa e o tratamento pode precisar de adaptações nesse período. Os principais métodos de tratamento aplicados atualmente são:

Psicoterapia – Um psicoterapeuta educará seu filho sobre o transtorno bipolar e oferecerá estratégias de enfrentamento para lidar com os sintomas. Nesses casos, o processo terapêutico costuma envolver membros da família;

Medicação – Um psiquiatra pode receitar remédios para estabilizar o humor da criança, mas é importante sempre estar atento a possíveis efeitos colaterais. Encontrar o medicamento e a dosagem certa pode precisar de algumas tentativas, já que cada pessoa responde de uma maneira particular.

Hospitalização psiquiátrica pode ser eventualmente necessária caso a criança apresente um risco sério à segurança dela própria ou de terceiros. Tentativa de suicídio, planos de suicídio bem elaborados, automutilação ou psicose são alguns exemplos de situação que podem exigir intervenção médica.

O tratamento, independente de qual tipo, funciona melhor quando a criança, os pais, médicos e terapeutas trabalham juntos. Por isso é importante participar das consultas do seu filho, fazer perguntas, conversar com os profissionais responsáveis e se educar sobre o assunto.

Risco para os adolescentes

Adolescentes têm uma tendência a comportamentos arriscados por natureza, para aqueles com transtorno bipolar, o risco é ainda maior. Fique alerta sobre coisas como abuso de álcool e drogas ou comportamento suicida – o risco de suicídio para pessoas com transtorno bipolar é um dos maiores entre todos os transtornos mentais.

Um estudo mostrou que entre 25% e 60% dos adultos com transtorno bipolar fazem pelo menos uma tentativa de suicídio ao longo de suas vidas, enquanto de 8% a 19% morrem por suicídio. Quanto aos jovens, entre 20% e 47% dos que têm transtorno bipolar fazem pelo menos uma tentativa.

Se seu filho adolescente foi diagnosticado com transtorno bipolar, leve a ameaça de suicídio a sério. Converse com os profissionais de saúde que estiverem cuidando do caso e elabore um plano de segurança.

Comorbidades do transtorno bipolar infantil

Muitas crianças com transtorno bipolar têm outras condições mentais, vícios ou distúrbios de comportamento. Pesquisas indicam que entre 60% e 90% das crianças e adolescentes com transtorno bipolar podem ter o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade também.

Transtornos de ansiedade, abuso de substâncias e comportamento disruptivos estão entre os problemas mais comuns que crianças com transtorno bipolar enfrentam.

Apoio escolar

É importante trabalhar com a escola do seu filho se ele foi diagnosticado com transtorno bipolar. As necessidades acadêmicas do seu filho vão depender dos sintomas e dos problemas escolares que ele está enfrentando.

Apoio em casa

O transtorno bipolar afeta toda a família, independente do membro diagnosticado, por isso é importante que a família trabalhe junta para enfrentar a situação.

Aprenda o máximo possível sobre o transtorno bipolar e as opções de tratamento mais recentes, certifique-se de que seus familiares estejam de acordo também. É importante que os irmãos saibam o que esperar.

Tenha conversas regulares com seu filho sobre o tratamento e as possíveis dificuldades relacionadas a ele. Existe uma boa chance que em algum momento sua criança se recusará a tomar os medicamentos ou ir à terapia. Valide os sentimentos dela e converse sobre a importância de seguir as recomendações médicas.

É importante cuidar de você também. Lidar com os desafios de criar uma criança bipolar pode ser extremamente estressante. Considere participar de um grupo de apoio para pais de adolescentes com transtorno bipolar. Se conectar com outros pais ajudará você a conhecer técnicas de enfrentamento e a receber parte do apoio necessário.

Conclusão

Lembre-se que a presença de sintomas do transtorno bipolar não significa necessariamente que a criança tem a condição – é importante falar com um profissional da saúde mental para descartas outras causas e chegar a um diagnóstico preciso.

A psicoterapia costuma ser o principal método de tratamento, nesse sentido, um psicólogo será de grande valia. Para falar com um agora mesmo, clique aqui. Caso medicamentos também sejam necessários, será preciso conversar com um psiquiatra.

Independente do plano de tratamento escolhido, lembre-se de envolver todo o núcleo familiar e garantir que todos estejam prontos para enfrentar a condição. Lembre-se também de ficar vigilante pela saúde mental de sua família e pela sua própria.

João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

Leia também:

Como Ajudar Uma Criança Com Ansiedade

19.09.2023 | João Vitor Santos

Como Ajudar Uma Criança Com Ansiedade

Entenda como a ansiedade afeta as crianças, como reconhecer uma criança ansiosa e como você pode ajudá-la a superar essa condição

Como os Genes Influenciam o Desenvolvimento Infantil

07.09.2023 | João Vitor Santos

Como os Genes Influenciam o Desenvolvimento Infantil

Veja aqui qual a relação entre o desenvolvimento das crianças e genes e qual a influência que o ambiente onde essa criança está inserida pode exercer

Marcos do Desenvolvimento Cognitivo Infantil

07.07.2023 | João Vitor Santos

Marcos do Desenvolvimento Cognitivo Infantil

Este artigo discute os marcos cognitivos que ocorrem entre o nascimento e os cinco anos de idade

logo do whatsapp

Responsável técnico

Oliviane Assis Ferrari Magro

CRP: 08/34316

Atenção: Este site não oferece tratamento ou aconselhamento imediato para pessoas em crise suicida. Em caso de crise, ligue para 188 (CVV) ou acesse o site www.cvv.org.br. Em caso de emergência, procure atendimento em um hospital mais próximo.