Qual É o Efeito do Falso Consenso?

Veja aqui os fatores que compõem o efeito do falso consenso e como ele influencia a maneira como pensamos sobre os outros

22.07.2023 | João Vitor Santos

A tendência de superestimar o quanto as outras pessoas concordam conosco é conhecida entre os psicólogos sociais como o efeito do falso consenso. Esse tipo de viés cognitivo leva as pessoas a acreditar que seus próprios valores e ideias são "normais" e que a maioria das pessoas compartilha dessas mesmas opiniões.

Digamos que o feed de notícias do João no Facebook esteja cheio de histórias defendendo uma determinada posição política. Embora esse feed seja selecionado por João para incluir pessoas que ele conhece e seja influenciado por um algoritmo baseado no comportamento de João, ele pode superestimar quantas pessoas concordam com essa posição.

Por que o efeito de falso consenso acontece?

Uma das possíveis causas do efeito de falso consenso envolve o que é conhecido como heurística de disponibilidade. Quando estamos tentando estimar o quão comum ou provável algo é, tendemos a olhar para os exemplos que vêm à mente com mais facilidade.

Se você está tentando determinar se outras pessoas compartilham suas crenças, provavelmente pensará em pessoas que são mais parecidas com você, como sua família e amigos, e é muito provável que elas compartilhem muitas coisas em comum com você.

Os pesquisadores sugeriram que existem três razões principais pelas quais o falso consenso ocorre:

• É mais provável que nossa família e amigos sejam semelhantes a nós e compartilhem muitas das mesmas crenças e comportamentos;
• Acreditar que outras pessoas pensam e agem da mesma forma que nós pode ser benéfico para nossa autoestima. Para nos sentirmos bem conosco mesmos, somos motivados a pensar que as outras pessoas são como nós;
• Somos os mais familiarizados com nossas próprias atitudes e crenças. Como essas ideias estão sempre em primeiro plano em nossas mentes, é mais provável que percebamos quando outras pessoas compartilham atitudes semelhantes.

Fatores que influenciam o efeito de falso consenso

O efeito do falso consenso tende a ser mais forte em determinadas situações. Se consideramos algo realmente importante ou nos sentimos confiantes em nosso ponto de vista, o grau de falso consenso tende a ser mais forte; ou seja, é mais provável que assumamos que mais pessoas concordam conosco.

Se você se preocupa muito com o meio ambiente, por exemplo, provavelmente estará mais propenso a superestimar o número de pessoas que também se preocupam muito com questões ambientais.

O efeito também é mais forte nos casos em que temos certeza de que nossas crenças, opiniões ou ideias são as corretas. Se você está absolutamente 100% convencido de que a aprovação de uma determinada lei reduzirá a quantidade de crimes em sua comunidade, é mais provável que acredite que a maioria dos outros eleitores em sua cidade também apoiará a aprovação da lei.

Finalmente, é mais provável que experimentamos o efeito do falso consenso nos casos em que os fatores situacionais desempenham um papel importante.

Por exemplo, imagine que você vai ver um filme, mas acha que o filme é péssimo porque os efeitos especiais são muito ruins. Como você supõe que todos os outros que assistem ao filme estão compartilhando a mesma experiência e formando as mesmas opiniões, você pode erroneamente acreditar que todos os outros espectadores também compartilharão sua crença de que o filme é terrível.

Pesquisa sobre o efeito do falso consenso

O efeito do falso consenso foi nomeado e descrito pela primeira vez no final dos anos 1970 pelo pesquisador Lee Ross e seus colegas.

Em um experimento, os pesquisadores fizeram com que os participantes do estudo lessem sobre uma situação em que ocorreu um conflito, bem como duas maneiras diferentes de responder ao conflito.

Os participantes foram então solicitados a dizer qual das duas opções eles escolheriam, adivinhar qual opção outras pessoas provavelmente escolheriam e descrever o tipo de pessoa que escolheria cada uma das duas opções.

Os pesquisadores descobriram que não importa qual das opções os participantes selecionassem, eles também tendiam a acreditar que a maioria das pessoas também selecionaria essa opção. Os pesquisadores também descobriram que as pessoas tendiam a dar descrições mais extremas das características das pessoas que escolheriam as opções alternativas.