Saúde Mental | Autoestima

Vamos conversar sobre autoestima?

Autoestima é um assunto que nunca sai de moda, volta e meia esse tema está na mídia e é abordado pelos meios de comunicação. Desde criança esse sentimento está atrelado ao outro, geralmente a família. Da adolescência em diante a publicidade nos ocupa com ideais e imagens irreais. E hoje, as redes sociais impulsionam o tema. Como sustentar a minha autoestima diante do outro? Esse artigo pretende conversar brevemente sobre isso. Boa leitura!

Vamos Conversar Sobre Autoestima?

Autoestima é um assunto que nunca sai de moda, volta e meia esse tema está na mídia e é abordado pelos meios de comunicação. Estar bem consigo mesmo e aceitar-se diante de suas faltas, dificuldades e fragilidades é um percurso que requer muita coragem e disposição, assim como é a vida.

A questão da autoestima é a expectativa que você joga sobre si mesmo. Quando o sujeito eleva muito essa expectativa aplicada a si, por um lado ganha-se esforço e engajamento, mas, por outro, fica mais difícil de conseguir atingi-la. Do contrário, quanto menor a expectativa, por um lado menores são o esforço e o engajamento, mas por outro o que se beneficia dessa baixa expectativa é que como a expectativa é pouca, o que vier é ganho.

Um pouco sobre o conceito de Autoestima.

Na psicologia a autoestima nada mais é do que uma avaliação subjetiva que fazemos de nós mesmos. Como avaliamos o nosso conjunto da obra, nossa importância, nossos cuidados com nós mesmos, nossa imagem, nossos comportamentos, nossas relações (com o outro e consigo mesmo), nosso corpo e por aí vai.

Já para a psicanálise a autoestima nada mais é do que o sentimento de estima que o sujeito tem sobre si mesmo. Para Sigmund Freud (1914/1969) "a autoestima expressa o tamanho do ego [...] Tudo o que o sujeito possui ou realiza [...] ajuda-o a aumentar sua autoestima" (p.115).

A influência da cultura no processo de construção da autoestima.

Desde criança somos enunciados pelos outros, inicialmente pela família, sobre quem somos e sobre traços que carregamos de um outro alguém. Daí nasce uma colcha de retalhos externa a nós mesmos que começa a nos definir dando um retorno sobre quem somos. Não há um eu que vem de dentro para fora inerente, ele é sempre uma construção com pedaços de outros que nós vamos grudando em nós para construir o nosso eu.

Outro fator complexo e prejudicial à autoestima são as produções de imagens e ideais que a publicidade cria, vende e invade as nossas vidas. E a cada hora essas imagens e ideias mudam, parece que nos sujeitam a condição de outro bicho, o camaleão. A questão é que essas imagens e ideais, vendidas por uma lógica financeira perversa que tem como único e exclusivo objetivo o lucro, adoecem muitas pessoas.

E diante desse cenário, o sujeito se interroga, como manter a minha autoestima se eu não me encaixo? Se o outro não me aprova? Se eu não sou aceito pelo grupo? Se eu não consigo comprar o produto da melhor marca? Essas perguntas são levantadas diante da lógica do encaixar, e é importante pontuar que existe outros caminhos para manter a autoestima fora dessa montanha russa. Que tal buscar se conhecer? Se aceitar? Se perdoar e se bancar? Conhecer, sustentar e construir os seus ideais, de acordo com a sua subjetividade?

A autoestima e o desejo do outro

Desejo em psicanálise diz sobre movimentos, causas, aquilo que nos faz levantar da cama. A teoria psicanalítica implica que somos alienados pelo desejo do outro. Mas, o que isso quer dizer?

Na cultura em que estamos inseridos, o olhar do outro nos define. Estamos sempre servindo o outro, um grande exemplo disso na atualidade são as redes sociais. Posto, logo existo. Essa afirmação nos conecta a essa necessidade de tentar ser alguém em uma rede virtual, para servir a um outro que também existe e me define por lá.

E como sustentar a minha autoestima diante dessa servidão exaustiva? A autoestima tem a ver com o fato de viver com algo que nos preencha sem necessariamente ser visto ou elogiado e aceito pelo outro. A autoestima está conectada com a criação de sentidos sob a vida, inclusive sobre tudo aquilo que nos faz sofrer.

O sofrimento é solidário, o sucesso é solitário!

É muito comum quando alguém está passando por uma situação difícil, todos que estão a sua volta se solidarizarem com a situação e se envolverem para tentar amenizá-la. O sofrimento também pode ser lido numa perspectiva social como uma questão de solidariedade.

Já o contrário, o sucesso, incomoda. O colega que tirou a melhor nota, o amigo que trocou o carro, ou a amiga que fez uma viagem para o exterior, esses fatos costumam mexer na nossa ferida narcísica. Por outro lado, quando é nós que estamos nesse lugar de sucesso, é comum nos sentirmos estranhos, alheios ao nosso sucesso. Os elogios soam até como ofensa.

E a autoestima nesse momento é um fator acolhedor frente a esse lugar de sucesso. Entender que fizemos algo bem feito e todo reconhecimento ou elogio endereçado a nós é válido, é digno, corresponde ao nosso feito. Portanto, permita-se a viver e responder os seus momentos de sucesso, eles também são e dizem sobre você e o seu estar no mundo.

O processo de psicoterapia e a questão da autoestima

A autoestima é uma questão cotidiana na clínica de muitos psicólogos e psicanalistas. Quando o sujeito adoece é muito comum que esse sentimento sobre si mesmo esteja em baixa, em segundo plano.

O processo de psicoterapia pode ajudar o sujeito a discutir e ressignificar esse sentimento que oscila com frequência no decorrer da vida. Compreender que temos uma participação sobre o nosso sofrimento, e pelo estado atual da nossa autoestima, é um primeiro passo fundamental.

O processo de psicoterapia nos ajuda a nos libertarmos do desejo do outro, a não sermos alienados pelas expectativas do outro e seguirmos o caminho do nosso desejo. Construir o seu caminho de acordo com as suas proposições é libertador. Só você sabe quem é e tudo que já te ocorreu. Só você pode se julgar e ser generoso consigo mesmo. O outro é um outro processo, uma outra história, e cabe a ele ser o que quiser.

E você? Como está a sua autoestima? Ou está preocupado com essa questão de alguém muito importante para você? Esse artigo te ajudou em algo? Permita-se estar vulnerável, busque ajuda, permita-se a ser o dono das suas escolhas e da sua vida, isso não tem preço!

REFERÊNCIAS:

Freud, S. (1969). Sobre o narcisismo: uma introdução. In Freud, S., Obras completas de Sigmund Freud (vol. XIV, pp. 85-89). Rio de Janeiro: Imago (Trabalho original publicado em 1914).

Caique dos Santos Oliveira
Caique dos Santos Oliveira

Humano, curioso, filho, irmão, tio, padrinho, amigo, LGBTQIA+ e escritor. Pós graduado em Psicologia Social pela Faculdade de São Lourenço – UNISEPE. Leitor e atento às questões que envolvem saúde mental e sociedade contemporânea propõe-se a trazer informações e levantar questões para provocar reflexões e favorecer diálogos. Instagram: @eucaiqueoliveira

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