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Trabalho e Saúde Mental

Devo Falar ao Meu Chefe Sobre Minha Saúde Mental?

Você deve contar ao seu chefe se tem um problema de saúde mental? Veja aqui como abordar essa questão da melhor maneira possível

Devo Falar ao Meu Chefe Sobre Minha Saúde Mental?

Embora o mundo possa aceitar melhor os problemas de saúde mental, revelar sua condição de saúde mental ainda é um esforço assustador. No entanto, gerenciar problemas de saúde mental e equilibrar os compromissos de trabalho pode ser difícil para alguns. Não é de admirar que algumas pessoas achem que discutir essas lutas com seu empregador pode ser benéfico.

Mesmo assim, essas discussões são difíceis o suficiente para ter com sua família imediata, muito menos com aqueles em seu local de trabalho. Além disso, como você aborda o assunto? Não há manual para essas coisas, e trabalhar no processo de divulgação é difícil. No entanto, alguns recursos podem ser utilizados para ajudar a facilitar a jornada.

Muitos fatores afetam a decisão

A revelação da saúde mental, em geral, é difícil para muitos. Por exemplo, uma revisão sistêmica da divulgação de saúde mental fora do local de trabalho constatou que o potencial estigma, regras e crenças sobre as condições de saúde mental e o relacionamento entre os envolvidos eram fatores de influência significativos.

Embora também estejam presentes na divulgação do local de trabalho, a pesquisa mostra que as coisas são um pouco mais complexas quando se trata de emprego.

Por exemplo, uma revisão sistemática de 2012 sobre fatores associados à divulgação de saúde mental no local de trabalho encontrou nove influências principais.

  • Gênero: As mulheres eram significativamente menos propensas a revelar suas condições de saúde mental do que os homens;
  • Apoio emocional: quando os funcionários se sentem mais apoiados por supervisores e colegas de trabalho, as taxas de divulgação aumentam;
  • Diagnóstico: Aqueles diagnosticados com transtornos do humor foram significativamente menos propensos a revelar sua condição quando comparados com aqueles com esquizofrenia;
  • Gravidade e manejo dos sintomas: A revelação foi mais comum naqueles que apresentaram sintomas no trabalho;
  • Ambiente de trabalho: Indivíduos que trabalhavam em um ambiente de saúde mental eram mais propensos a revelar sua condição quando comparados àqueles que trabalhavam em serviços de saúde/sociais, técnicos, educacionais e empresariais;
  • Preocupações relacionadas ao trabalho: Os sentimentos em relação à manutenção de um bom status profissional foram significativos. Por exemplo, isso incluía preocupações sobre se encaixar, perder o emprego e níveis de confiança;
  • Familiaridade com a legislação: os trabalhadores familiarizados com a Lei dos Americanos com Deficiência (ADA) eram mais propensos a revelar sua condição;
  • Tipo de abordagem de emprego apoiado: Indivíduos na Abordagem de Colocação Diversificada (DPA) eram mais propensos a divulgar suas condições para supervisores e colegas de trabalho quando comparados com aqueles no Programa de Colocação e Apoio Individual (IPS);
  • Ter recebido anteriormente benefícios do estado ou de invalidez: aqueles que nunca receberam benefícios do estado ou de invalidez eram mais propensos a revelar sua condição.

No entanto, embora esses medos sejam válidos, a pesquisa sobre as consequências da revelação da condição tem sido promissora. Por exemplo, um estudo recente com adultos holandeses descobriu que 64,2% dos entrevistados que revelaram sua condição tiveram uma experiência positiva.

Em contrapartida, apenas 9% dos que divulgaram tiveram uma experiência negativa. Nesse caso, os pesquisadores recomendaram que os trabalhadores tomassem decisões de divulgação com base em seus contextos de trabalho.

Embora esta pesquisa não se baseie no contexto americano, portanto não seja facilmente generalizável, ela dá indícios de como as discussões sobre divulgação devem ocorrer. Além disso, o mesmo estudo constatou que 22,6% dos indivíduos ainda tiveram uma experiência positiva sem revelar sua condição. Portanto, também destaca que a divulgação pode não ser necessária em alguns casos.

No entanto, antes que uma discussão possa ser feita sobre se alguém deve ou não divulgar sua condição, é importante discutir por que alguém pode optar por fazer exatamente isso.

A ADA define uma pessoa com deficiência como sendo “uma pessoa que tem uma deficiência física ou mental que limita substancialmente uma ou mais atividades importantes da vida”.

A ADA e a subsequente Lei de Emendas à Lei dos Americanos com Deficiência (ADAAA) de 2008 foram criadas para proteger os funcionários com deficiência da discriminação no local de trabalho.

Benefícios e armadilhas da divulgação de saúde mental

Embora a divulgação da saúde mental possa parecer assustadora, há muitos aspectos positivos em divulgar sua condição. Por exemplo, você pode receber as acomodações necessárias, reduzir seus níveis de estresse por não se preocupar em esconder sua condição e acessar todos os programas disponíveis no local de trabalho.

Esses aspectos positivos também têm o benefício de ajudar no desempenho do trabalho e, assim, permitir que os indivíduos estejam mais presentes no local de trabalho. Afinal, a má saúde mental no local de trabalho pode afetar negativamente a produtividade, o desempenho, o funcionamento físico e a comunicação no trabalho. No entanto, existem outros benefícios também.

“Sinto que esta conversa abre uma linha de confiança entre mim e meus funcionários”, diz Meghan Bohlman, LPC, LCDC, certificada em EMDR. Ela é a diretora clínica do Burning Tree Ranch e, portanto, tem ampla experiência em conversas como essas. “[Como supervisora] é meu trabalho otimizar a produtividade e ajudar os funcionários a se sentirem confortáveis no local de trabalho”, acrescenta ela.

No entanto, os temores em torno da divulgação não são infundados. Por exemplo, as pessoas com doenças mentais geralmente se deparam com taxas de emprego mais baixas.

Além disso, aqueles que conseguem encontrar emprego muitas vezes se veem tendo que lutar contra o estigma da saúde mental, além de manter seu desempenho no trabalho – o que é uma situação altamente pressurizada. Portanto, não é de admirar que as conversas sobre a divulgação despertem alguma hesitação.

Para conter esses medos, Bohlman recomenda que as pessoas pensem sobre o que esperam obter da conversa antes de abordar seu chefe.

“Isso pode ser qualquer coisa, desde a necessidade de dias extras de folga para consultas médicas até a solicitação de acomodações, como mover sua mesa”, diz ela.

Ancorar seu pedido em um resultado tangível traz muitos benefícios. Por exemplo, permitirá que você organize sua solicitação de maneira benéfica para suas necessidades. Além disso, pode ajudá-lo a decidir se a divulgação é necessária.

Afinal, não é necessário informar seu empregador sobre sua condição. E alguns indivíduos podem perceber que podem atender às suas necessidades sem a ajuda do chefe. Mas, se você ainda quiser seguir em frente, outros métodos podem ser implementados.

Como se preparar para falar com seu chefe

Antes de falar com seu chefe ou supervisor, há várias coisas a considerar.

O que fazer

  • Preste atenção em como eles funcionam no local de trabalho: “Se eles o incomodam com fofocas ou piadas às custas de pessoas com transtornos mentais, isso é um sinal de alerta”, diz Bohlman. Ela recomenda que você observe seu ambiente de trabalho com cuidado;
  • Consulte um terapeuta: um terapeuta não apenas poderá oferecer apoio emocional, mas também oferecer informações sobre sua situação específica;
  • Consulte o seu departamento de RH: Caso não seja viável conseguir um terapeuta, você sempre pode utilizar o seu departamento de RH. “O departamento de RH é legalmente obrigado a manter seu status confidencial e fornecer assistência e suporte”, diz Bohlman.

O que não fazer

  • Fale com seu empregador antes de marcar um horário para a reunião: “Se você deseja falar com seu empregador, encontre algum tempo dedicado para ter sua atenção direta e total”, diz Bohlman. Embora muitos empregadores possam ter políticas de portas abertas, não há como saber se haverá ou não interrupções. Para evitar qualquer sentimento de desvalorização de seu chefe, ela o aconselha a dar um passo a mais e marcar uma reunião;
  • Venha despreparado: Qualquer pessoa que queira divulgar sua saúde mental deve vir preparada para responder a quaisquer perguntas. Portanto, a preparação é fundamental. Você não apenas precisa estar pronto para responder a diferentes perguntas, mas também será solicitado a falar sobre suas necessidades. Portanto, é melhor ter seus pedidos em mente antes de sua reunião;
  • Esqueça de praticar: se você está nervoso em falar com seu chefe, pode ser melhor praticar. “Primeiro, você deve mapear suas necessidades e anotá-las antes da reunião, para estar totalmente preparado”, diz Bohlman. “Você pode praticar sua conversa com amigos ou familiares para se sentir mais completo e confortável com essa discussão”, finaliza ela.

O que fazer se sua reunião não sair como planejado

Se, por algum motivo, sua reunião com seu chefe ou supervisor não sair conforme o planejado, ainda existem outros métodos à sua disposição.

Por exemplo, você pode falar com seu departamento de RH sobre maneiras de lidar com sua condição no local de trabalho. “[Eles] sempre oferecerão suporte com acomodações, seja marcando consultas ou equilibrando sua carga de trabalho”, diz Bohlman. No entanto, isso não é tudo o que eles podem ajudá-lo.

“Falar com eles permitirá que você fale livremente. Caso não o apoiem, você tem a oportunidade de superar seu supervisor para obter a ajuda de que precisa”, acrescenta ela. Isso pode ser particularmente útil para aqueles que se sentem mais seguros em não falar com outras pessoas sobre sua condição.

Mas isso não é tudo; você também pode procurar outros recursos ao seu redor. Ela recomenda verificar os programas de assistência aos funcionários e/ou obter um atestado médico para que você possa obter a ajuda de que precisa.

No entanto, Bohlman gostaria de garantir às pessoas que é visto como um sinal de confiança para muitos supervisores quando um funcionário os procura. “Isso me permite abrir mais a conversa e fazer as adaptações necessárias”, finaliza.

Considerações Finais

A decisão de revelar ou não sua doença mental depende de muitos fatores. No entanto, com a doença mental sendo levada mais a sério, a revelação pode ser o melhor curso de ação para alguns. Não apenas permite que alguém assuma o controle de sua saúde mental, mas também permite que você use sua autonomia.

O que quer que você decida, é crucial garantir que você esteja preparado, tanto para aprender os recursos disponíveis quanto para se apropriar de quais acomodações específicas você precisa.

No entanto, esta é apenas metade da batalha. Para qualquer empregador ou supervisor que esteja lendo isso, também é imperativo que você esteja aberto para perguntar a seus funcionários se eles precisam de alguma acomodação ou suporte no local de trabalho.

“Como supervisor, meu papel nessa situação é apoiar e ouvir. Após a conversa, o acompanhamento normalmente é mais importante do que a conversa em si”, diz Bohlman. “Uma coisa é se afastar da conversa sentindo-se ouvido, mas o acompanhamento é onde o funcionário pode ganhar a confiança do empregador.”

Afinal, muitos deles podem estar nervosos demais para pedir ajuda. Portanto, fornecer à sua equipe um ambiente de trabalho aberto e solidário também é essencial.

Muitas dessas conversas abordam apenas as preocupações dos trabalhadores e, embora isso seja justificado, como cultura, também precisa haver um apelo para que os empregadores façam melhor. Afinal, os benefícios dos trabalhadores apoiados são recíprocos.

João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

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