A Psicologia das Estratégias de Tomada de Decisão
Você tem que tomar decisões grandes e pequenas ao longo de cada dia de sua vida? Veja como tomar as melhores decisões entendendo a psicologia por trás das diferentes estratégias
15.03.2023 | João Vitor Santos
Visão geral
Quando confrontado com algumas decisões, você pode ser tentado a apenas jogar uma moeda e deixar o acaso determinar seu destino. Na maioria dos casos, seguimos uma determinada estratégia ou série de estratégias para chegar a uma decisão.
Para muitas das decisões relativamente menores que tomamos todos os dias, jogar uma moeda não seria uma abordagem tão terrível. Para algumas das decisões complexas e importantes, é mais provável que invistamos muito tempo, pesquisa, esforço e energia mental para chegar à conclusão certa.
Então, como exatamente esse processo funciona? A seguir estão algumas das principais estratégias de tomada de decisão que você pode usar.
O modelo de recurso único
Essa abordagem envolve basear sua decisão apenas em um único recurso. Por exemplo, imagine que você está comprando sabão. Diante de uma grande variedade de opções em sua superloja local, você decide basear sua decisão no preço e compra o tipo de sabonete mais barato disponível. Nesse caso, você ignorou outras variáveis (como perfume, marca, reputação e eficácia) e se concentrou em apenas um único recurso.
A abordagem de recurso único pode ser eficaz em situações em que a decisão é relativamente simples e você está pressionado pelo tempo. No entanto, geralmente não é a melhor estratégia ao lidar com decisões mais complexas.
O modelo de recurso aditivo
Este método envolve levar em conta todas as características importantes das escolhas possíveis e, em seguida, avaliar sistematicamente cada opção. Essa abordagem tende a ser um método melhor ao tomar decisões mais complexas.
Por exemplo, imagine que você está interessado em comprar uma nova câmera. Você cria uma lista de recursos importantes que deseja que a câmera tenha e classifica cada opção possível em uma escala de -5 a +5.
As câmeras que têm vantagens importantes podem obter uma classificação de +5 para esse fator, enquanto as que têm grandes desvantagens podem obter uma classificação de -5 para esse fator. Depois de examinar cada opção, você pode calcular os resultados para determinar qual opção tem a classificação mais alta.
O modelo de recurso aditivo pode ser uma ótima maneira de determinar a melhor opção para uma variedade de escolhas. Como você pode imaginar, no entanto, pode ser bastante demorado e provavelmente não é a melhor estratégia de tomada de decisão a ser usada se você estiver pressionado pelo tempo.
O Modelo de Eliminação por Aspectos
O modelo de eliminação por aspectos foi proposto pela primeira vez pelo psicólogo Amos Tversky em 1972. Nessa abordagem, você avalia cada opção, uma característica de cada vez, começando com qualquer característica que você acredita ser a mais importante.
Quando um item não atende aos critérios que você estabeleceu, você risca o item de sua lista de opções. Sua lista de escolhas possíveis fica cada vez menor à medida que você risca itens da lista até chegar a apenas uma alternativa.
Tomando uma decisão
Os três processos anteriores costumam ser usados em casos em que as decisões são bastante diretas, mas o que acontece quando há uma certa quantidade de risco, ambiguidade ou incerteza envolvida? Por exemplo, imagine que você está atrasado para a aula de psicologia.
Você deve dirigir acima do limite de velocidade para chegar a tempo, mas corre o risco de receber uma multa por excesso de velocidade? Ou você deve dirigir dentro do limite de velocidade, correr o risco de se atrasar e possivelmente obter pontos perdidos por perder um teste surpresa agendado? Nesse caso, você deve pesar a possibilidade de se atrasar para o compromisso com a probabilidade de receber uma multa por excesso de velocidade.
Ao tomar uma decisão em tal situação, as pessoas tendem a empregar duas estratégias diferentes de tomada de decisão: a heurística da disponibilidade e a heurística da representatividade. Lembre-se, uma heurística é um atalho mental que permite que as pessoas tomem decisões e façam julgamentos rapidamente.
A Heurística da Disponibilidade
Quando estamos tentando determinar a probabilidade de algo, geralmente baseamos essas estimativas na facilidade com que podemos nos lembrar de eventos semelhantes que aconteceram no passado. Por exemplo, se você está tentando determinar se deve dirigir acima do limite de velocidade e correr o risco de ser multado, pode pensar em quantas vezes já viu pessoas sendo paradas por um policial em um determinado trecho da rodovia.
Se você não consegue pensar imediatamente em nenhum exemplo, pode decidir seguir em frente e arriscar, já que a heurística de disponibilidade o levou a julgar que poucas pessoas são paradas por excesso de velocidade em sua rota específica. Se você pode pensar em vários exemplos de pessoas sendo paradas, você pode decidir apenas jogar pelo seguro e dirigir dentro do limite de velocidade sugerido.
A Heurística da Representatividade
Esse atalho mental envolve comparar nossa situação atual com nosso protótipo de um determinado evento ou comportamento. Por exemplo, ao tentar determinar se você deve acelerar para chegar à sua aula no horário, você pode se comparar à sua imagem de uma pessoa com maior probabilidade de receber uma multa por excesso de velocidade.
Se o seu protótipo é o de um adolescente descuidado que dirige um carro de passeio e você é uma jovem empresária que dirige um sedã, você pode estimar que a probabilidade de receber uma multa por excesso de velocidade é bastante baixa.
Uma última dica
O processo de tomada de decisão pode ser simples (como escolher aleatoriamente entre nossas opções disponíveis) ou complexo (como avaliar sistematicamente diferentes aspectos das escolhas existentes). A estratégia que usamos depende de vários fatores, incluindo quanto tempo temos para tomar a decisão, a complexidade geral da decisão e a quantidade de ambiguidade envolvida.