Transtorno explosivo intermitente – sintomas, tratamento e dicas de convivência

O transtorno explosivo intermitente é uma condição que afeta seriamente os relacionamentos, saiba como lidar.

28.03.2022 | João Vitor Santos

O que é o transtorno explosivo intermitente

O transtorno explosivo intermitente envolve episódios repetidos e súbitos de comportamento impulsivo, agressivo, violento ou explosões verbais raivosas nas quais você reage grosseiramente e desproporcionalmente à situação.

Raiva no trânsito, abuso doméstico, arremesso ou quebra de objetos ou outros surtos podem ser sinais de transtorno explosivo intermitente.

Essas explosões intermitentes e repentinas causam sofrimento significativo, impactam negativamente seus relacionamentos, trabalho e escola, e podem ter consequências legais e financeiras.

O transtorno explosivo intermitente é um transtorno crônico que pode continuar por anos, embora a gravidade das explosões possa diminuir com a idade. O tratamento envolve medicamentos e psicoterapia para ajudar você a controlar seus impulsos agressivos.

Sintomas do transtorno explosivo intermitente

Os surtos explosivos ocorrem repentinamente, com pouco ou nenhum aviso, e geralmente duram menos de 30 minutos. Esses episódios podem ocorrer com frequência ou ser separados por semanas ou meses de não agressão.

Explosões verbais menos graves podem ocorrer entre os episódios de agressão física. Você pode ser irritável, impulsivo(a), agressivo(a) ou cronicamente irritado(a) a maior parte do tempo.

Os episódios agressivos podem ser precedidos ou acompanhados por:

• Fúria;
• Irritabilidade;
• Aumento da energia;
• Devaneios;
• Formigamento;
• Tremores;
• Palpitações;
• Aperto no peito.

As explosões verbais e comportamentais explosivas são desproporcionais à situação, sem pensar nas consequências, e podem incluir:

• Birras;
• Discussões acaloradas;
• Gritos;
• Bater ou empurrar;
• Lutas físicas;
• Danos materiais;
• Ameaçar ou agredir pessoas ou animais.

Você pode sentir uma sensação de alívio e cansaço após o episódio. Mais tarde, você pode sentir remorso, arrependimento ou vergonha.

Causas do transtorno explosivo intermitente

O transtorno explosivo intermitente pode começar na infância – após os 6 anos de idade – ou durante a adolescência. É mais comum em adultos mais jovens do que em adultos mais velhos.

A causa exata do distúrbio é desconhecida, mas provavelmente é causada por vários fatores ambientais e biológicos.

• Ambiente - A maioria das pessoas com esse transtorno cresceu em famílias onde o comportamento explosivo e o abuso verbal e físico eram comuns. Estar exposto a esse tipo de violência em uma idade precoce torna mais provável que essas crianças apresentem esses mesmos traços à medida que amadurecem;
• Genética - Pode haver um componente genético, fazendo com que o distúrbio seja transmitido de pais para filhos;
• Diferenças no funcionamento do cérebro - Pode haver diferenças na estrutura, função e química do cérebro em pessoas com transtorno explosivo intermitente em comparação com pessoas que não têm o transtorno.

Fatores de risco

Esses fatores aumentam o risco de uma pessoa desenvolver o transtorno explosivo intermitente:

• Histórico de abuso físico - Pessoas que foram abusadas quando crianças ou sofreram múltiplos eventos traumáticos têm um risco aumentado de transtorno explosivo intermitente;
• Histórico de outros transtornos mentais - Pessoas que têm transtorno de personalidade antissocial, transtorno de personalidade limítrofe ou outros transtornos que incluem comportamentos disruptivos, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), têm um risco aumentado de também ter transtorno explosivo intermitente.

Complicações do transtorno explosivo intermitente

Pessoas com transtorno explosivo intermitente têm um risco aumentado de:

• Relações interpessoais prejudicadas - Elas são frequentemente percebidas pelos outros como sempre com raiva. Elas podem discutir com frequência ou pode haver abuso físico. Essas ações podem levar a problemas de relacionamento, divórcio e estresse familiar;
• Problemas no trabalho, em casa ou na escola - Outras complicações do transtorno explosivo intermitente podem incluir perda de emprego, suspensão escolar, acidentes de carro, problemas financeiros ou problemas com a lei;
• Problemas com o humor - Transtornos de humor, como depressão e ansiedade, geralmente ocorrem junto com o transtorno explosivo intermitente;
• Problemas com o uso de álcool e outras substâncias - Problemas com drogas ou álcool também podem ocorrer junto com transtorno explosivo intermitente;
• Problemas de saúde física - As condições médicas são mais comuns e podem incluir, por exemplo, pressão alta, diabetes, doenças cardíacas e derrames, úlceras e dor crônica;
• Automutilação - Às vezes ocorrem lesões intencionais ou tentativas de suicídio.

Prevenção contra o transtorno explosivo intermitente

Se você tem transtorno explosivo intermitente, a prevenção provavelmente está além do seu controle, a menos que você receba tratamento de um profissional. Combinadas com ou como parte do tratamento, estas sugestões podem ajudá-lo a evitar que alguns incidentes fiquem fora de controle:

• Atenha-se ao tratamento - Participe das sessões de psicoterapia, pratique suas habilidades de enfrentamento e, se seu médico prescreveu medicação, certifique-se de tomá-la. Seu médico pode sugerir medicação de longo prazo para evitar a recorrência de episódios explosivos;
• Pratique técnicas de relaxamento - O uso regular de respiração profunda, imagens relaxantes ou mindfulness podem ajudar você a manter a calma;
• Desenvolva novas formas de pensar (reestruturação cognitiva) - Mudar a maneira como você pensa sobre uma situação frustrante usando pensamentos racionais, expectativas razoáveis ​​e lógica pode melhorar a maneira como você vê e reage a um evento;
• Use a resolução de problemas - Faça um plano para encontrar uma maneira de resolver um problema frustrante. Mesmo que você não consiga resolver o problema imediatamente, ter um plano pode reorientar sua energia;
• Aprenda maneiras de melhorar sua comunicação - Ouça a mensagem que a outra pessoa está tentando compartilhar e depois pense na sua melhor resposta em vez de dizer a primeira coisa que vier à sua cabeça;
• Mude seu ambiente - Quando possível, saia ou evite situações que te aborrecem. Além disso, programar o tempo pessoal pode permitir que você lide melhor com uma situação estressante ou frustrante que está por vir;
• Evite substâncias que alteram o humor - Não use álcool ou drogas recreativas ou ilegais.

Diagnóstico do transtorno explosivo intermitente

Para determinar um diagnóstico de transtorno explosivo intermitente e eliminar outras condições físicas ou distúrbios de saúde mental que possam estar causando seus sintomas, seu médico provavelmente:

• Fará um exame físico - Seu médico tentará descartar problemas físicos ou uso de substâncias que possam estar contribuindo para seus sintomas. Seu exame pode incluir testes de laboratório;
• Fará uma avaliação psicológica - Seu médico ou profissional de saúde mental conversará com você sobre seus sintomas, pensamentos, sentimentos e padrões de comportamento;
• Usará os critérios do DSM-5 - O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é frequentemente usado por profissionais de saúde mental para diagnosticar condições mentais.

Tratamentos contra o transtorno explosivo intermitente

Não existe um tratamento único que seja melhor para todos com transtorno explosivo intermitente. O tratamento geralmente inclui psicoterapia e medicação.

Psicoterapia

Sessões de psicoterapia individual ou em grupo que se concentram na construção de habilidades podem ser úteis. Um tipo de terapia comumente usado, a terapia cognitivo-comportamental, ajuda as pessoas com transtorno explosivo intermitente a:

• Identificar quais situações ou comportamentos podem desencadear uma resposta agressiva;
• Aprender a gerenciar a raiva e controlar respostas inadequadas usando técnicas como treinamento de relaxamento, pensar de maneira diferente sobre as situações (reestruturação cognitiva) e aplicar habilidades de comunicação e resolução de problemas.

Medicamentos

Diferentes tipos de medicamentos podem ajudar no tratamento do transtorno explosivo intermitente. Estes podem incluir certos antidepressivos – especificamente inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) – estabilizadores de humor anticonvulsivantes ou outros medicamentos, se necessário.

Dicas de convivência

Controlando sua raiva

Parte do seu tratamento pode incluir:

• Desaprender comportamentos problemáticos - Lidar bem com a raiva é um comportamento aprendido. Pratique as técnicas que você aprende na psicoterapia para ajudá-lo a reconhecer o que desencadeia suas explosões e como responder de maneiras que funcionem a seu favor e não contra você;
• Desenvolver um plano - Trabalhe com seu médico ou profissional de saúde mental para desenvolver um plano de ação para quando você sentir que está ficando com raiva. Por exemplo, se você acha que pode perder o controle, tente sair do ambiente. Faça uma caminhada ou ligue para um amigo de confiança para tentar se acalmar;
• Melhorar o autocuidado - Ter uma boa noite de sono, exercitar-se e praticar o controle geral do estresse todos os dias pode ajudar a melhorar sua tolerância à frustração;
• Evitar álcool ou drogas recreativas ou ilegais - Essas substâncias podem aumentar a agressividade e o risco de explosões de raiva.

Se a pessoa amada não procurar ajuda

Infelizmente, muitas pessoas com transtorno explosivo intermitente não procuram tratamento. Se você está envolvido em um relacionamento com alguém que tem transtorno explosivo intermitente, tome medidas para proteger você e seus filhos. O abuso não é sua culpa. Ninguém merece ser abusado.

Crie um plano de fuga para evitar violência doméstica

Se você perceber que uma situação está piorando e suspeita que seu ente querido pode estar à beira de um episódio explosivo, tente remover com segurança você e seus filhos do local. No entanto, deixar alguém com um temperamento explosivo pode ser perigoso.

Considere seguir estas etapas antes que surja uma emergência:

• Ligue para uma linha direta de violência doméstica ou para um abrigo para mulheres para obter conselhos, seja quando o agressor não estiver em casa ou na casa de um amigo;
• Faça uma mala de emergência que inclua itens que você precisará quando sair, como roupas extras, chaves, documentos pessoais, medicamentos e dinheiro. Esconda ou deixe a bolsa com um amigo ou vizinho de confiança;
• Conte a um vizinho ou amigo de confiança sobre a violência para que ele possa pedir ajuda se estiver preocupado;
• Saiba para onde você vai e como chegará lá se se sentir ameaçado(a), mesmo que isso signifique que você tenha que sair no meio da noite. Você pode querer praticar sair de sua casa com segurança;
• Prepare uma palavra de código ou sinal visual que signifique que você precisa da polícia e compartilhe com amigos, familiares e seus filhos.